segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Bep Kororoti

Há muitos anos em uma aldeia Kayapó (Kaiapó ou Caiapó) na serra de Pukato-ti no Pará, segundo a história contada por Güey-babã para João Américo Peret, grandes explosões, clarões, fumaça e raios foram vistos e ouvidos pelos antigos indígenas. Dizem eles que de uma canoa voadora que pousou sobre um morro/montanha, desceu um ser alto com roupa grande, larga e branca - . Eles o chamaram de Bep-Kororoti, "vindo do céu".

Muitos fugiram para a floresta e alguns ficaram na tentativa de defesa. Os Kayapós atacaram o intruso, mas todos que tentavam tocar o , caíam ao chão com dores nas mãos e alguns até desacordados, provavelmente deveria ser choque elétrico, mas eles não faziam ideia do que seria eletricidade. Aos poucos os Kayapós perceberam que ele não atacava, apenas se defendia, foi quando empunhando uma espécie de cajado que eles chamam de Kob (arma de trovão) o ser reduziu a pó uma pedra e depois uma árvore e assim os Kayapós viram que se ele quisesse teria feito o mesmo com eles e aos poucos eles foram se acalmando e se tornando amigos, mesmo assim, raramente era visto sem .

Bep-Kororoti aprendeu a caçar com os Kayapós e se tornou muito bom nesta atividade. Foi aceito como guerreiro e se casou com uma mulher da tribo. Bep-Kororoti teve filhos homens e uma menina, ela se chamava Nyobogti. Ensinou muitas coisas que até hoje os tribos Kayapós seguem. Ele participou na construção da "casa dos homens" ou Ng-ob, uma espécie de escola que mantém os costumes indígenas aos jovens. Criou um conselho para discussões de assuntos da tribo. Quando faltava alimentos, Bep-Kororoti empunhava seu Kob e matava animais sem ferí-los.

Um dia Bep-Kororoti reuniu sua família, menos sua filha Nyobogti, e partiu em sua canoa. Pelo que parece, outro ser bem parecido fisicamente também esteve e causou mortes, fome e destruição.
Nyobogti sabia que era filha de Bep-Korororti e dizia saber como conseguir alimentos. Já era mãe de um menino e estava casada com um guerreiro quando resolve ir até a serra de Pukato-ti com o marido.

Ao chegar em um determinado local, Nyobogti procura por uma "árvore específica" e ao encontrá-la, senta-se com seu filho no colo. Nyobogti pede para que o marido dobre os "galhos" da "árvore" até que atinjam o solo. Depois uma forte explosão novamente acompanhada de nuvens e trovões faz com que a "arvore" suba para o céu deixando o marido sozinho por dias e noites.
Um dia, ele ouve novamente um estrondo e ao retornar ao local ele vê que a "árvore" estava de volta ao mesmo local e Nyobogti estava lá com seu pai, Bep-Kororoti. Eles traziam muita comida e era diferente de tudo que os Kayapós conheciam.
Bep-Kororoti volta para a árvore e parte novamente para o céu. Sua filha Nyobogti retorna com o marido para a aldeia e divulga a mensagem de ordem de Bep-Kororoti:

"Todos devem sair da aldeia e refazer suas casas em determinado local na serra Pukato-ti onde receberão comida. Deverão guardar sementes de frutos, verduras e arbustos até as próximas chuvas para deitá-las na terra para gerarem nova colheita"


A tribo prosperou e se espalhou desde as montanhas até o horizonte.

Representação de Bep-Kororoti usando o Bô (traje) e o Kob (arma de trovão)
Em 1962, com o sertanista Francisco Meirelles e o indigenista Cícero Cavalcante, João Américo Peret documentou o ritual sagrado de Bep-Kororoti que muito antes do primeiro astronauta andar na lua, o ritual mostra os movimentos de um homem com sua roupa especial () de forma bem similar e lenta, imitando os movimentos de Bep-Kororoti.

0 comentários:

Postar um comentário